sábado, 11 de junho de 2011

Lendas de T. Bouro recriadas

Filho és, pai serás…



            “Conta-se que, antigamente, quando um idoso estava para morrer, os seus filhos o levavam para a Taleira, apenas com uma manta e um bocado de pão, esperando, assim, a morte.

            Uma vez, quando um filho se preparava para deixar o seu pai, nesse local, este virou-se para o ele e disse-lhe:

            - Meu filho, corta metade da manta e metade do pão e leva-os contigo, para que, quando chegar a tua vez, tenhas com que te aquecer e o que comer.

            Ditas estas palavras, o filho encheu-se de compaixão e levou o pai, de volta, para casa. 




            Conta-se que, antigamente, quando alguém andava a ser perseguido pelas autoridades, o filho mais velho tinha que levar o pai à Taleira, transportando consigo uma manta e um pão.
            Jó Castelo Branco, sabendo que seu pai, Jó Sócrates Castelo Branco, era perseguido pelas autoridades, por ter colaborado com a Máfia Russa, para se ver livre dele e para manter a tradição, pegou nele e obrigou-o a ir para a Taleira, prendendo-o nesse local.
            Jó Sócrates, quando vê que o filho o vai abandonar aí, chama-o e diz-lhe:
            - Meu filho, corta metade desta manta e metade do pão para, quando for a tua vez, teres com que te aqueceres e com que matares a fome.
            - No, no, no! Para que quero eu um artigo de feira? Sabes bem que só uso Chanel, Christian Dior e outros. E o pão não tem sementes, nem é integral. Eu só como desse, que é o melhor para a saúde!
            - Mesmo assim deves levar, porque não sabes o que te espera.
             Castelo Branco, indiferente aos comentários do pai, dirige-se para o seu helicóptero particular. Entra e tenta pô-lo a trabalhar mas este não dá qualquer sinal.
             Intrigado, sai e vai ver o que se passa. Umas cabras pastavam perto. Observou, mais atentamente, e vê que uns fios tinham sido arrancados e destroçados pelas cabras, enquanto ele esteve a prender o pai.
            Aos gritos histéricos, não se apercebe que um bode se aproxima, com ar ameaçador, e investe contra ele. Assustado, foge pelo monte abaixo, mas os saltos altos dificultam-lhe a corrida. O bode persegue-o e continua com as suas investidas.
            De repente, um salto dos seus sapatos fica preso e solta-se do resto, fazendo com que ele caia, de imediato. O bode não lhe dá descanso e fere-o por todo o corpo.
            Com as dores desmaia e quando acorda já a noite se aproxima. Tenta levantar-se mas está muito dorido. Desatou a chorar desconsoladamente. Precisava de ajuda, mas não havia ali ninguém.
            Lembra-se, então, que tem consigo o telemóvel e, ansioso, procura-o nos bolsos e liga ao filho.
            - Filhinho, preciso de ajuda, estou a morrer no meio do monte. Fui atacado por um bode horroroso, que me partiu todo.
            - E onde estás pai?
            - No cimo da Taleira, em Terras de Bouro.
            - E o que foste fazer aí? Pergunta o filho admirado.
            - Vim cumprir uma tradição: como o teu avô andava na mira das autoridades, já não nos é útil e está a ficar velho, trouxe-o para aqui. Já não o ouço gritar, os bodes já o devem ter arrumado.
            - O quê?! Tu tiveste coragem de fazer isto ao avô! - replicava o rapaz, encolerizado - agora fica aí também, porque também só serves para me envergonhares com os disparates que dizes e fazes.
             A noite chegou e com ela os uivos dos lobos.
            Jó Castelo Branco tremia de frio e fome e chorava desconsolado. Ia morrer ali, pois já não conseguia ligar para pedir ajuda - o seu telemóvel não tinha bateria. O medo fazia-o delirar e, então, via o pai, bem enroscado na manta, a comer pão e frutos que as cabras levavam até ele. Via, ainda, o bode que o atacou a roer a cordas com que prendeu o pai.
            Os uivos cada vez eram mais fortes e Castelo Branco via, agora, o pai, já liberto, aos saltos à volta das cabras. Gritava, mas os seus gritos eram abafados pelo hino dos lobos.
            A manhã apareceu sorridente e, na Taleira, uma alcateia descansava satisfeita.




Adriana Afonso , 8ºB
Elsa Rocha, 8ºB

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